"Dilma Está Certa" é Artigo Publicado em Defesa dos Vetos da Presidenta Dilma
23.07.2013
Numa análise de profundo conhecimento, e defendendo a categoria de Terapeutas e demais categorias da Saúde contra o Ato Médico, o Terapeuta e Procurador Federal, Dr Orlando Gonzalez, publicou no Jornal do Commercio do Rio de janeiro, datado de 23.07.2103, matéria de relevante importância para análise e informações, em apoio à Presidenta Dilma, sobre a Lei do Ato Médico.
A FENATE distribuiu o texto com as entidades em Brasilia, durante as reuniões de preparação para ações em defesa da manutenção dos vetos.
NA ÍNTEGRA DE TODO O TEXTO DO DR ORLANDO
Encaminhado a todos os deputados e senadores da comissão de an´álise aos vetos da Presidenta Dilma
Rio de Janeiro, 22 de julho de 2013
Excelentíssimo Senhor Deputado ELEUSES PAIVA
Câmara dos Deputados, Anexo IV, gabinete 658
Praça dos Três Poderes
Brasília – Distrito Federal
Cep 70160-900
Encaminhado aos parlamentares designados para compor a comissão de análise ao veto: senadores Gim (PTB-DF), Lúcia Vânia (PSDB-GO), Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e Romero Jucá (PMDB-RR). Os deputados escolhidos para o colegiado foram: André Vargas (PT-PR), Arnon Bezerra (PTB-CE), Darcísio Perondi (PMDB-RS), Eduardo Barbosa (PSDB-MG) e Eleuses Paiva (PSD-SP).
Senhor Deputado,
O artigo que a esta junto foi endereçado a alguns jornais, aos quais solicitei a respectiva publicação.
Sua exposição está limitada pelo espaço, muito caro aos periódicos. Por isso a peça não esgota o assunto. Mas dá bem a dimensão da ameaça que paira sobre 14 profissões cujos numerosos praticantes vivem do que fazem há muitas décadas. Na outra ponta da controvérsia estão os médicos dos quais nada foi usurpado, como bem demonstra o artigo.
O que faltou na descrição de cópia anexa foi dizer que o diagnóstico de um terapeuta não pode ser feito por um médico, por este desconhecer inteiramente o que o terapeuta pratica. Tomemos por exemplo um praticante de medicina chinesa. O diagnóstico feito por ele num paciente em nada se assemelha aos critérios presente na chamada "medicina oficial". O médico acadêmico entende de Yin e Yang? Sabe o que isso significa para a conduta posterior ao diagnóstico? Não. Não sabe e nem quer saber. O médico estudou durante quatro anos fonoaudiologia para diagnosticar com precisão o de que necessita um doente? O médico conhece, a ponto ditar regras de sabença, os princípios da osteopatia? Uns talvez nem ouviram falar dela, que dirá estudá-la... Em que grade curricular de faculdade de medicina se encontra a matéria quiropraxia? Quais os conhecimentos que o doutor tem dos meridianos de acupuntura, cujo entendimento exige anos de estudo.
É perceptível que, quando o CFM estabelece como especialidade uma terapêutica da qual seus filiados zombaram sempre (ex.: homeopatia, acupuntura, etc. etc), está querendo evitar que outros estudiosos não médicos sejam impedidos de aplicar o que aprenderam e, com isso, restringindo o crescimento de praticantes e, consequentemente, reservando mercado para os médicos em geral.
Essas terapêuticas, sobre as quais os médicos querem ter um domínio ditatorial acintoso, têm um valor social inimaginável e geram economia para o Governo. Como é do conhecimento do mais distraído cidadão, a "medicina oficial" está, no mundo todo, cada vez mais cara (e cada vez mais iatrofarmacogênica*) Incontáveis doentes têm os problemas resolvidos por essas terapêuticas e não chegam à caríssima medicina tecnológica, cujos métodos, como é público e notório, não raro subordinam o paciente a remédios e/ou procedimentos "pelo resto da vida".
Nas aulas que profere a médicos, seja em cursos rápidos, seja nos de pós-graduação, o cardiologista Lair Ribeiro, afinadíssimo com as recentes descobertas da Ciência, chega a gracejar da ignorância dos seus colegas sobre temas cujo estudo contraria o cotidiano dos consultórios. Por que o CFM não o processa por calúnia? Porque ele (ou melhor, o seu advogado) recorrerá à exceção da verdade e provará, para vergonha da categoria, que o médico desconhece temas que a Ciência já provou mas a medicina, desditosamente rebocada pelos interesses dos produtores de drogas, se deixa levar com reverência lamentável.
Quatorze profissões e respectivos beneficiários estão esperando que Vossa Excelência defenda o direito de escolha do povo sobre os meios de recuperação da saúde. Seria entristecedor que o cidadão tivesse que escravizar sua vontade a uma só possibilidade que, como tudo que é imposto sem ponderações, está cercada pela mais contundente suspeição.
"A indústria farmacêutica tem um rígido controle sobre o Congresso e a Casa Branca. Ela possui o maior lobby em Washington – com um número maior de lobistas do que o de congressistas eleitos – e contribui pesadamente para campanhas políticas" – do livro de Marcia Angell (abaixo).
Não macule, Excelência, sua biografia. Mantenha os vetos da Presidenta Dilma por respeito ao cidadão e amor ao Brasil.
Atenciosamente
Remetente: Orlando Gonzalez – Rua Tiumbi, 35,
Alto da Boa Vista – RJ/RJ – Cep 20531-100.
Telefones: (021) 9603-3678, (021) 2221-0001
e (021) 2208-4891.
(*) Bibliografia mínima:
"A Verdade sobre os Laboratórios Farmacêuticos – Como Somos Enganados e o que Podemos Fazer a Respeito", da Drª Márcia Angell, Editora Record;
"La Nocividad de Los Antibióticos" dos Professores J. Planelles (membro correspondente da Real Academia de Medicina de Madri, membro correspondente da Academia de Ciências Médicas da Rússia, Chefe do Departamento de Patologia Infecciosa e Terapêutica Experimental do Instituo Gamaleia da Academia de Ciências Médica da Rússia) e A. Jaritonova (chefe do Laboratório de Investigações Anatomopatológicas do Departamento de Patologia Infecciosa e Terapêutica Experimental do Instituto Gameleia (Moscou) – Editorial Mir – Moscou;
"Doenças Iatrogênicas", Lacaz, Corbett e Teixeira;
"Cem Anos de Mentira", de Randall, Editora Ideia & Ação;
"Prescrition for Disaster", de Thomas J. Moore, Simon & Schuster – N.Y.; Pills "Potions Poisons, How Drugs Work", Stone and Darlington – Oxford University Press;
"Sem Anestesia, os Bastidores de uma Medicina cada vez mais Cruel", de Alex Botsaris – Editora Objetiva.
"Medicamentos, Ameaça ou Apoio à Saúde? - de Marilene Cabral do Nascimento, Editora Vieira & Lent.
"Onde não Há Médico", de David Werner, Editora Paulus.
"Cândida uma Doença do Século XX", de Shirley S. Lorenzani – Editora Ground.
ATO MÉDICO: DILMA ESTÁ CERTA
Orlando Gonzalez
Não se compreendem os protestos tonitroantes que a categoria dos médicos endereça aos vetos que a Presidente Dilma aplicou ao originário projeto de lei 268/2002 do Senado federal que resultou na lei 12.842. Afinal, os reparos que formataram a redação conclusiva do diploma legal não retiraram do médico qualquer atribuição das que fazem parte de sua profissão. Tudo o que outras 14 profissões desempenham, lidando direta ou indiretamente com a saúde, os médicos podem reproduzir em seus consultórios, se assim lhes aprouver e se a tanto alcançar o seu conhecimento específico. Se eles quiserem valer-se de um procedimento que um terapeuta usa no seu dia a dia, não estão impedidos. O que a lei estipulou, consagrando-a no campo do ordenamento jurídico, foi a garantia àqueles que já, de há muito, exercem outras tarefas paralelas às questões de saúde, ou que as complementam, de continuar a exercê-las. Estamos, portanto, diante de práticas socialmente úteis e aceitas no curso de décadas. Essas cerca de 14 profissões ganharam, com justiça, o direito de prosseguir com o trabalho de que se desincumbiam normalmente há anos. Nunca pretenderam usurpá-lo dos médicos. A recíproca, no entanto, não é verdadeira. A febril atividade do lobby da categoria médica no Congresso revelou que ela intencionava avançar nas diversas tarefas dessas profissões e restringi-las à força de lei ao seu reduto. Para consultar um fonoaudiólogo, exemplificativamente, seria necessário o aval e o encaminhamento do paciente por um médico. Além da irracionalidade da proposta, soa alto o interesse pecuniário que isso envolve. Nada ético, aliás.
É vergonhosamente histórica essa tentativa insistente de reservar mercado. Durante anos a acupuntura foi guerreada pela classe médica. Frederico Spaeth, que a trouxe para o Brasil, chegou a ser preso, resultado de denúncias empreendidas pela categoria através de seus órgãos representativos. A homeopatia, alvo do repúdio e do escárnio do estamento médico, sofreu enxovalhamentode mais de um século. Quando essas terapêuticas atingiram um nível de incontestabilidade sólida (há carradas de provas de sua eficácia, sempre asfixiadas por conveniência arrogante), a categoria assumiu a estratégia de fingir respeitá-las, transformando-as em "especialidades" para não passar mais vergonha, pois filhos de alopatas, mulheres de alopatas e até alopatas, quando o sofrimento aperta, admitem buscar recursos não ortodoxos e com eles resolver problemas encalacrados por muito tempo. Então ficamos assim: primeiro espezinha-se a concorrência, agridem-se seus praticantes, humilham-nos, nega-sevalidade ao que fazem. Depois, cede-se, apossa-se delas, mesmo assim cuidando não exaltar o proveito individual e social da terapêutica aviltada nem promover uma investigação, isenta e equidistante, das suas virtudes, o que seria uma imensa homenagem aos mais sagrados postulados da Ciência. Até mesmo para evitar relembranças desairosas, mártires do motejo da categoria médicae respectivas biografias devem ser esquecidos: Semmelweiss, Pasteur, Joseph Lister,Hahnemann - para ficarmos em poucos exemplos.
Com esse padrão de ação política, é de lastimar que a categoria dos esculápios ditos "oficiais" mantenha uma visão distorcida do que seja cultura médica do ponto de vista clínico. Um médico seria tanto mais culto, se aduzisse ao seu saber acadêmico o conhecimento prático de outras ferramentas terapêuticas, sem o suspeito propósito de rotulá-las ou não de "especialidades", pois aos pacientes interessa o benefício que delas decorrem e não os títulos que as ornamentam. Assim, se não fosse capaz de resolver problemas com a química corrosiva das drogas para cujo consumo massificado foi formado, lançaria mão de alternativas, se as soubesse operar. Estariam à sua disposição a homeopatia, a acupuntura, a auto-hemoterapia, a fitoterapia, a osteopatia, a nutracêutica, etc., etc.
Mas, condicionado aos solfejos do samba de uma nota só, o médico acabou criando o monstro incontrolável das doenças iatrofarmacogênicas (afecções provocadas por remédios que ele prescreve). Há registros de inumeráveis mortes e lesões irreversíveis que a sábia prescrição tem produzido. Isso se deve à circunstância de que quem molda a consciência profissional do doutor é o propagandista da indústria farmacêutica.
Há alguns anos, uma pesquisa patrocinada pelo Ministério da Saúde, que vasculhou hospitais públicos e privados, trouxe à luz um fato estarrecedor: pacientes internados cujas patologias não ensejavam a utilização de um só antibiótico estavam sendo "tratados" até com até seis. Não houve como jogar a culpa pelo descalabro às largas costas da automedicação, um bode expiatório sempre à mão da categoria médica e das desculpas esfarrapadas dos grandes laboratórios.
O fenômenocura não pode e não deve ser monopólio de uma só classe. Basta um simples olhar, ainda que negligente, sobre o que ocorre no campo da extrassensorialidade e da física quânticapara que aflore a certeza de que há muitos caminhos para a recuperação da saúde que não apenas o das drogas medicamentosas, com os imensos riscos a elas inerentes.
Se quiser, o Conselho Federal de Medicina terá muito o que fazer no seu âmbito, empregando nele o tempo que desperdiça na cobiça do mercado alheio.
Orlando Gonzalez é Procurador federal aposentado e Terapeuta filiado à Fenate